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Luiz Antônio de Farias

Quando rebusco um pouco da história de minha infância vejo um garoto humilde que se criou entre a macambira e o alastrado, aliando as tarefas do curso primário à labuta da roça, no cultivo das lavouras de sustento, “matando a fome” com rapadura, farinha, carne do sol e queijo de coalho, lembrando que nem sempre havia a disponibilidade de todos os itens. Além disso ainda tinha que enfrentar o sol escaldante do sertão, percorrendo as tortuosas veredas do Riacho Grande (hoje Senador Rui Palmeira), tangendo um jumentinho carregado com 04 ancoretas, em busca de água de potabilidade precária, para saciar a sede de nossa família.

Inimaginável seria admitir a possibilidade de estar hoje fazendo esta crônica, para registrar a oportunidade de me tornar membro da Academia Santanense de Letras Ciências e Artes. O feliz advento do Portal Maltanet despertou o sentimento de enveredar pelo caminho da escrita – ideia que se encontrava latente – fazendo manifestar, em mim, o atrevimento de materializar um objetivo não aflorado, até então.

A importância do Portal foi fundamental porque, graças a essa feliz iniciativa do nosso amigo José Malta Fontes Neto, consegui passar para o papel algumas divagações que teimavam povoar o meu imaginário, as quais, inicialmente, foram publicadas nos livros “À Sombra do Umbuzeiro” e “À Sombra do Juazeiro”, compostos por uma plêiade de autores santanenses. Por outro lado prevaleceu, também, o estímulo do amigo e escritor Djalma Melo Carvalho, dando-me o privilégio de inserir minha crônica Djalma Carvalho – Um Exemplo, na “orelha” do seu livro Chuva no Telhado, lançado em uma cerimônia do mais alto gabarito, realizada no salão nobre de um dos mais suntuosos hotéis da orla de Maceió. Naquela oportunidade fiquei muito lisonjeado em ter visto meu nome citado por “pesos pesados” da literatura alagoana, como Dr. Romany Roland Cansanção Mota, Escritora Enaura Quixabeira Rosa e Silva e Dr. Cláudio Antônio Jucá Santos.

Dando continuidade à minha audácia no campo das letras, consegui publicar meu primeiro trabalho “Saudade, Meu Remédio é Contar”, sobre o qual afirmei que seria primeiro e único, fato contestado pelo Djalma Carvalho, responsável pelo prefácio, quando fez questão de afirmar que “minha produção literária não encerraria com aquela obra”. A predição do prefaciador foi concretizada, visto que conquistei o triunfo de lançar “A Saga da Família Sorriso” e “A Vitória da Persistência”, sendo este uma coletânea de participações de um grupo de muralistas do Portal Maltanet, numa luta gloriosa para a concretização do sonho de dotar nossa Santana do Ipanema de um Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia-IFAL.

Prosseguindo com a minha teimosia, ressalto que a quarta produção já se encontra em “estado de ebulição”. Convidado a participar de uma cerimônia literária em nossa cidade, o Dr. Cláudio Antônio Jucá Santos, Presidente da Academia Maceioense de Letras, ficou empolgado com a elevada condição cultural da terra e, de imediato, firmou um compromisso com a então prefeita municipal, Dra. Renilde Bulhões, no sentido de fundar nossa academia de letras, ideia que foi concretizada dentro do prazo previsto. O êxito da realização teve, mais uma vez, a participação e o dinamismo do empreendedor José Malta Fontes Neto o qual, por merecimento, foi eleito primeiro presidente da Academia Santanense de Letras Ciências e Artes.