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Arsênio Moreira da Silva (Dr. Arsênio Moreira)

†1950

"O Dr. Arsênio Moreira da Silva, formado na Faculdade de Medicina da Bahia, foi o primeiro médico a residir na cidade. Trabalhava o doutor em Mata Grande, quando foi convidado, em 1936, pelo major José Lucena de Albuquerque Maranhão, para fazer parte das tropas que combatiam os cangaceiros com sede em Santana. Engajado no 2º Batalhão, o Dr. Arsênio, esteve em Angicos, quando da morte de Lampião e examinou um frasco de veneno conduzido pelo bandido. Encerrada a campanha das forças policiais volantes, passou a atender a população civil e, durante muitos anos, serviu à cidade carente de médicos. Todas as referências a seu respeito foram sempre elogiosas em todas as classes sociais." Prof. Clerisvaldo Chagas

Esse ilustre médico baiano era também laboratorista, tanto assim que chegou a montar um laboratório para exames de fezes, sangue, urina. Fazia também pequenas cirurgias e partos. Aviava receitas e sua atuação na cidade foi enorme, uma vez que não dispúnhamos de nada disso. Quem podia viajar para a cidade próxima, que era Palmeira dos índios, onde tudo existia em ponto pequeno, poderia fazer exames e pequenas cirurgias, pois a cidade contava com três médicos, sendo um operador. Era um homem de grande saber em sua especialidade, chegando a dominar em outras, pois lia muito e estava sempre pronto para atender ricos e pobres, pudessem pagar ou não. Trabalhou durante anos pela cidade e só fez amigos. ( Santana do Ipanema Conta Sua História, Floro e Darci de Araújo Melo, 1976)


Dr. Arsênio revolucionou a vida do município! Morriam recém-nascidos como moscas, vítimas de gastrenterite, tosse braba(em Maceió soube que a doença se chamava coqueluche), sarampo, verminose, ferida na boca e furunculose. Uma vez que as estradas de rodagem eram poucas e precaríssimas, os pais levavam as crianças a pé, de carro de boi e a cavalo, esperando que o "dotô" salvasse a vida dos filhos. Até de rede chegam esfaqueados e todo tipo de doente para Dr. Arsênio "dar um jeito".

O clínico, de extrema amabilidade com os clientes, ensinava-lhe hábitos de higiene. O jovem médico deixou as moças solteiras em polvorosa, cheia de esperança cada uma, de se tornar a respeitada mulher do médico. Sonho desfeito quando o recém chegado comunicou aos pais de família ser um homem casado, separado da esposa. A sinceridade do médico distanciou-o da vivência social das famílias, jogando para a vida privada.

(Antropóloga Luitgarde de Oliveira Cavalcanti Barros, livro Sertão Glocal, pg 69)

Do seu relacionado com Maria Arsênio teve três filhos: Hélio, Rui e Eva. Todo mundo chegava na sua residência cheio de esperança, de gratidão ou de resignação na casa de fachada com escada alta na Rua das Verduras, perto da Matriz de Senhora Santana, onde ele vivia. Atualmente é o museu históricos e de artes. Dr. Arsênio morreu em São Paulo em 1950, muito pobre, sem significativo apoio do povo santanense. Marcando tantas efemérides, o ano 2010 registrou a perda, para Santana do Ipanema, há 60 anos, de um dos seus maiores beneméritos.

(Antropóloga Luitgarde de Oliveira Cavalcanti Barros, livro Sertão Glocal, pg 70)