✩1915 †1991
Oscar Silva nasceu no ano da grande seca de 1915. Menino pobre da rua do Sebo de Santana fez muita coisa na vida para chegar a ser escritor: marceneiro, tecelão, balconista de botequim, soldado de Polícia que combateu Lampião, servidor público estadual e depois funcionário do Correio e do Ministério da Fazenda.
Iniciou sua atividade intelectual em Maceió, onde escreveu textos que mimetizam o realismo socialista. Entre eles O Cavaleiro da Esperança (Maceió: PCB,1946), apreendido pela polícia e retirado de circulação sob acusação de subversivo. Anos depois, publica Fruta de Palma (Maceió: Caeté, 1953), que alcança grande repercussão na comunidade santanense pelo resgate de fatos inusitados da vida cotidiana.
Transfere-se para o sudeste, habitando diferentes cidades mineiras, paulistas e paranaenses. Encontrou seu porto seguro em Toledo PR, onde publicou o romance "Água do Panema" (1968) com edição custeada pelo próprio autor e outros títulos dedicados à terra adotiva. Jamais cortou o cordão umbilical, mantendo constante articulação com familiares e amigos alagoanos. Até mesmo depois de sua morte foi incluído na antologia "Os Contos de Alagoas" (2001).
Segundo Tadeu Rocha, Oscar precisou lutar muito consigo mesmo e com o meio social de um rapaz pobre, a fim de reeducar-se como pessoa da classe média, que ele alcançou honestamente pelo funcionalismo federal.
Fruta de Palma (1953), "livro humano e simples, na sua riqueza expressiva de valores naturais", como foi descrito por Câmara Cascudo, conferiu mérito justificado a Oscar Silva: o pioneirismo como cronista municipal.
O escritor visitava periodicamente a cidade, quase sempre na Festa de Santana, vindo a falecer em 1991, no retorno da sua última passagem pela terra natal, em companhia da família. Aquela viagem teve o sentido de uma despedida.
(José Marques Melo, Sertão Glocal)