Academia Santanense de Letras, Ciências e Artes realiza reunião festiva anual e empossa duas novas acadêmicas
Foram empossadas as professoras Rosineide Lins (Associada Honorária) e Lícia Maciel (associada efetiva)

A Academia Santanense de Letras, Ciências e Artes – ASLCA realizou no último sábado (27), a sua tradicional reunião festiva anual. Evento que acontece sempre no último sábado de maio de cada ano, mês de fundação do sodalício.
A reunião aconteceu no plenário da Câmara Municipal de Santana do Ipanema e contou com a participação dos acadêmicos, familiares e amigos da cultura e das letras. O evento foi conduzido pelo presidente da instituição jornalista, escritor e editor José Malta Fontes Neto.
A reunião foi aberta com a participação do acadêmico João Neto Félix Mendes, coordenador da comissão de marketing digital da academia, que apresentou as publicações da instituição nas redes sociais (Instagram) e no site institucional. João Neto disse na sua fala que o material já publicado no site da ASLCA é uma verdadeira fonte de pesquisa para os interessados pela história de Santana do Ipanema. Para consultar esse material acesse:
https://www.aslca.org.br
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Na sequencia foram empossadas duas novas associadas: a professora universitária Rosineide Lima Lins Costa (associada honorária) e Lícia Cibelle Maciel Carvalho – associada efetiva – que ocupará a cadeira 12 cujo patrono é o jornalista e historiador Floro de Araújo Melo.
O acadêmico efetivo e fundador da ASLCA Djalma de Melo Carvalho entregou o diploma a sua esposa Rosineide Lins. O acadêmico (efetivo) Robério Alves Magalhães entregou o diploma a associada Lícia Maciel, em momento contínuo o acadêmico fundador João Neto Félix Mendes colocou a pelerine na nova associada efetiva.
Depois desse momento as novas associadas assinaram o termo de posse e procederam com o juramento.
Antes das falas institucionais Rosineide Lins e Lícia Maciel, agora já devidamente empossadas fizeram seus pronunciamentos de agradecimento.
A solenidade foi sequenciada com os tradicionais pronunciamentos e usaram da palavra a convite do presidente o associado correspondente professor Carlindo de Lira Pereira – professor e pró-reitor da UNEAL, seguido da associada benemérita Maria Verônica de Araújo – secretária municipal do Trabalho, Assistência e Desenvolvimento Social. Seguindo os pronunciamentos representando a sociedade civil, falou a presidente do Lions Club de Santana do Ipanema Andréa Cristhina Brandão Teixeira. Também usou da palavra a diretora de Cultura de Santana do Ipanema professora Gilcélia Gomes.
Representando o presidente, que foi o condutor da solenidade, falou o associado fundador Djalma de Melo Carvalho.
Abrilhantaram também a reunião os associados fundadores Marcello André Fausto Souza (vice-presidente) que leu um dos seus poemas e Silvano Gabriel Pereira de Barros dos Santos que também fez um repente com a participação de todos.
Acadêmicos(as) presentes:
Efetivos:
José Malta Fontes Neto (presidente)
Marcello André Fausto Souza (vice-presidente)
Luiz Antonio de Farias, Capiá (1º tesoureito)
Fábio Soares Campos (1º Secretário)
José Coelho Neto (2ª secretário)
Silvano Gabriel Pereira de Barros dos Santos (bibliotecário)
Djalma de Melo Carvalho
João Neto Félix Mendes (coordenador Comissão Patrimônio Histórico e Mídias Digitais)
Lícia Cibelle Maciel Carvalho (empossada na reunião)
Manoel Augusto de Azevedo Santos
Maria Aparecida Silva dos Santos
Robério Alves Magalhães
Associada benemérita: Maria Verônica de Araújo
Associada honorária: Rosineide Lima Lins Costa (empossada na reunião)
Associado correspondente: Carlindo de Lira Pereira
Discurso de posse da acadêmica Rosineide Lima Lins Costa
SÓCIA HONORÁRIA DA ACADEMIA SANTANENSE DE LETRAS, CIÊNCIAS E ARTES - DISCURSO DE POSSE PRONUNCIADO EM 27.05.2023, EM SANTANA DO IPANEMA.
Acadêmico José Malta Fontes Neto, presidente da Academia Santanense de Letras, Ciências e Artes.
Em seu nome, saúdo os demais componentes desta mesa diretiva.
Minhas senhoras, meus senhores.
Queridos confrades,
Orgulhosa, recebo a comenda de Sócia Honorária da Academia Santanense de Letras, Ciências e Artes, nesta noite festiva. Não terei a imortalidade dos acadêmicos desta acolhedora Academia, mas terei a responsabilidade de honrar, com o título a mim conferido, os ideais culturais desta Casa de Letras. Casa de Letras - repito - tão importante pela prática literária na vida desta querida Santana do Ipanema.
Já disse semelhantes palavras, anos atrás, ao receber igual honraria na Academia Maceioense de Letras. O título honorário, como o próprio nome indica, distingue e honra a pessoa contemplada. Desse modo, modéstia à parte, sou uma felizarda, uma abençoada por Deus.
Sou natural de Passo de Camaragibe, litoral norte de Alagoas, paisagem diferente da paisagem sertaneja. Lá, vislumbramos o verde dos canaviais, o coqueiral, as encantadoras praias, o azul-turquesa do mar, o jangadeiro e cristalinas águas dos canais e lagoas exaltados por Octávio Brandão.
Cá, o mesmo olhar observador: o mandacaru, a caatinga, as secas, a falta de chuva, a ingente luta do sertanejo contra a natureza, a \"terra espinhosa\", no dizer de Graciliano Ramos, e o aboio do intrépido vaqueiro.
Lá e cá, os intelectuais, os escritores, os seresteiros e os poetas cantando as belezas da vida e da alma de nossa gente.
Durante meu tempo de magistério, no ensino fundamental, médio e universitário, vivi e senti muitas emoções, entre as quais a de receber, solenemente, o título de cidadã honorária de Maceió e de Palmeira dos Índios. Mas, hoje, aqui e agora, emoção maior me invade nesta bela noite cultural, sobretudo diante deste lindo e seleto auditório. Gosto muito de visitar Santana do Ipanema. Sou admiradora de sua gente, do seu povo, de sua história. Já me considero santanense!
Tudo isso me ocorre, no meu entender, pela constante prática, estudo, pesquisa, crônicas publicadas, livros editados e dedicação à arte literária, de longos anos, de Djalma, meu esposo. Ele, um eterno apaixonado por Santana do Ipanema, sua cidade natal.
Sinto-me, afinal, honrada pela distinção que me conferiram o presidente desta Academia, confrade José Malta Fontes Neto, e seus ilustres acadêmicos, seus ilustres pares.
A todos, encerrando minhas palavras, os meus sinceros agradecimentos e o meu fraternal abraço.
Obrigada.
Discurso de posse da acadêmica Lícia Cibelle Maciel Carvalho
SÓCIA EFETIVA DA ACADEMIA SANTANENSE DE LETRAS, CIÊNCIAS E ARTES - DISCURSO DE POSSE PRONUNCIADO EM 27.05.2023, EM SANTANA DO IPANEMA.
Senhor presidente José Malta, em vosso nome, cumprimento a todos os confrades e confreiras, onde aproveito para agradecer a recepção e a acolhida do meu nome para compor a ilustre academia.
Seleto público, minha família, caros amigos.
Cumprimentando a todos os presentes, quero agradecer à Academia Santanense de Letras, Ciências e Artes pela dádiva que me concede nesta noite.
É uma grande honra fazer parte dessa instituição que tem como objetivo maior produzir e fazer circular a cultura. Fundada por homens e mulheres que marcaram sua geração e evidenciaram o prazer pela literatura e pelas várias manifestações artísticas.
Toda essa riqueza cultural que vemos hoje em Santana do Ipanema não é fruto do acaso. Se hoje nos orgulhamos de ter uma academia de letras fundada no interior de Alagoas, não podemos nos esquecer daqueles que, num passado distante, começaram a semear as letras aqui no sertão.
Devemos muito aos que desenvolveram, nestas terras, o gosto pelo ato de ler, escrever e ensinar, pois o conhecimento formal foi e é uma ferramenta extraordinária para revelar janelas e portas no esconderijo de nós mesmos.
Descobrir-se é um ato contínuo que os primeiros educadores, historiadores e escritores de nossa terra, no decorrer da trajetória vislumbraram. Foram suas experiências e a decisão contínua de perseverar no ofício de ensinar, de manter viva nossas histórias, que permitiram que hoje pudéssemos ter um sertão repleto de \"talentos do saber\".
Foi a primeira geração de escritores e professores de Santana do Ipanema que forjou com braço forte a segunda, a terceira, a quarta e tantas outras gerações que ainda virão.
O patrono da cadeira nº 12 da Academia Santanense de Letras, Ciências e Artes, que honradamente passo a ocupar, é neto do educador Enéas Araújo, Floro de Araújo Melo, nasceu em 1914 em Santana do Ipanema, falecendo em 1993, um ano após o meu nascimento.
Foi escritor, professor, jornalista, atuando como repórter e redator, e como bacharel em direito atuou no Ministério da Justiça no Rio de Janeiro e procurador do tribunal do trabalho em São Paulo.
Como escritor, publicou obras sobre direitos trabalhistas e previdenciários, estudos históricos sobre o Brasil, a maçonaria, e, de referência a sua cidade natal, a qual orgulhava-se imensamente, deixando registrado seu amor e devoção pelas terras de Santa Ana.
O intitulado livro “Santana do Ipanema Conta a Sua História”, foi escrito por ele, em parceria com Darci de Araújo Melo, com a colaboração de diversos entrevistados. Após um ano residindo fora, retorna à terra natal para dar início a referida obra. Logo nas primeiras páginas encontramos a Oração do Exílio, onde ele conta que após longos anos de ausência, pisa novamente no solo de sua terra natal, e, enquanto o carro cruzava a velha e querida pracinha, em sua mente brotava essa oração.
“Santana querida e amada, que um dia deixei cheio de esperanças e de sonhos! Hoje volto aos teus braços generosos, com o coração sangrando de saudade...Tu fostes meu início, tu fostes o meu começo... e agora descubro que és também o prolongamento e o meu fim. Quem sou eu sem ti? Acolhe-me com o doce sorriso da mãe que agasalha o amado filho, hoje sou de novo o filho que te pede a bênção!”
Esta é uma obra riquíssima, de cunho histórico, que todo santanense deveria conhecer, pois reúne desde os aspectos econômicos, administrativos, comerciais, até um apanhado geral sobre populares que galgaram lugar de destaque por suas relevantes contribuições sociais e culturais.
Em um discurso proferido ao Lions Clube de Santana, cujo o presidente era o saudoso Alberto Agra, Floro dirigia-se aos educandos dizendo “caro aluno desta abençoada terra, jamais esqueça que, no mestre você tem um amigo, um conselheiro, e um pai. Como amigo, trate-o com consideração e carinho, como conselheiro, procure-o com atenção e respeito, como pai, olhe-o com veneração e amor”.
É com este olhar, de devoção e respeito, que desejo palmilhar os caminhos que um dia meus mestres ensinaram, que a história me possibilita e que a cultura do meu povo anseia. Da vida, serei uma eterna aprendiz. Obrigada aos mestres que passaram e que ainda irão passar por minha longa jornada em busca do conhecimento, sem vocês nossas inquietações emudecem, e mentes precisam ser barulhentas, afinal, o silêncio é ensurdecedor.
Quero finalizar, agradecendo a Deus, por me possibilitar estar aqui hoje, e a todos aqueles que desde meu caminhar no universo das letras, que iniciou em 2016 acreditaram que eu seria capaz, que um dia eu iria contribuir com o desenvolvimento literário de Santana do Ipanema.
Confrades, confreiras, amigos e familiares, meu muito obrigada!
Reprodução do Portal Maltanet, com complementos
